Elizabeth Costello… A partir do romance de J.M. Coetzee
Elizabeth Costello, uma escritora no final da vida, espera em frente ao "grande portão". Para entrar, tem de fazer uma declaração sobre as suas crenças, frente a um tribunal. Mas o seu argumento de que uma escritora – uma "secretária do invisível", nas palavras de Czesław Miłosz – não deve ter crenças não é bem acolhido pelos juízes. Na expectativa de uma segunda audiência, Elizabeth discute com outras personagens aquilo a que prefere chamar as suas convicções, relativamente a temas como o amor, o mal, a arte e a razão. No entanto, quando chamada a depor, evita estes tópicos solenes, reduzindo a sua alegação à história das pequenas rãs que surgem, na estação das chuvas, no leito do rio da sua infância.
"O Realismo nunca se deu muito bem com as ideias. E não podia ser de outro modo: o realismo assenta na convicção de que as ideias não possuem uma existência autónoma, apenas existem nas coisas. Portanto, quando se trata de debater ideias, como aqui, o realismo tende a inventar situações (…) onde as figuras dão voz a ideias polémicas e, em certa medida, as corporizam", avisa J.M. Coetzee.
A adaptação e encenação de textos não especificamente escritos para teatro tem sido um processo recorrente de Cristina Carvalhal, tendo criado espetáculos como Cândido de Voltaire, Erva Vermelha de Boris Vian e Cosmos de Witold Gombrowicz. Na Culturgest (2009) encenou A Orelha de Deus de Jenny Schwartz
Culturgest (Lisboa)
13 a 16 de Dezembro 2017 | 19.00h
Photo: Cristina Carvalhal