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Glam Magazine

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ModaLisboa Boundless… 12 de Março (Reportagem)

ModaLisboa seis anos depois, decidiu sair da “zona de conforto”, assim nesta 48.ª edição encheu as salas do Museu Colecção Berardo e Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (CCB).

O tema escolhidos para esta edição foi Boundless (em português, sem limites). A escolha da palavra insere-se no contexto actual de divisão, “num mundo em que está toda a gente um bocadinho na retranca: muros para aqui, saídas de territórios comunitários”, refere a presidente da Associação ModaLisboa. A criatividade, acrescenta, “é uma disciplina que pode ser transversal, pode ultrapassar tudo”, assim como a espiritualidade.

Contou, como tem acontecido nas duas ultimas edições, Fast Talks no dia 9 de Março, procedida por três dias de desfiles. A edição seguinte da Moda Lisboa, em Outubro de 2017, deverá ser no Pavilhão Carlos Lopes.

 

3.ª DIA – 12 Março

01

PATRICK PADUA

Weapon of Life

Os elementos militares, como já identificamos neste jovem criador, surgem com a novidade de uma multiplicidade de cores, para quem normalmente costuma usar os pretos. Apresentou uma coleção com os verdes tropa, os bordeaux e os azuis que se intrometeram num leque de pretos e brancos. Uma silhueta alongada com sobreposições de burel, pelo e o neopreno, numa forma de expressar inúmeras formas de luta presentes em cada detalhe dos coordenados.

Nos pés, a Dkode assina as botas que dão continuidade ao conceito do têxtil. Nos acessórios é Hugo Fraga quem empresta o seu talento.

02

ANA DUARTE

Nevada” foi o tema desta jovem designer que nos levou para um ambiente de inverno citadino. Predominam os brancos e azuis, enriquecidos pelo vermelho que é o símbolo de força: com um jogo de lã, algodão, pelo de coelho e tecidos técnicos impermeáveis. Assessorados com rampas de ski para o dia-a-dia citadino no inverno.

03

CHRISTOPHE SAUVAT

A coleção combina harmoniosamente referências geográficas distintas, locais como a Rússia, Los Angeles e Portugal são os destinos que foram fonte de inspiração.

Dos veludos sumptuosos, os coletes de pelo multicor e os pormenores bordados de grande complexidade que nos remete para o país mais frio, vamos para os vestidos, blusas e túnicas que irradiam energia e brilho em tonalidades de azul marinho e encarnado, onde o mar nos ocorre no pensamento. Vermelho, preto, cinza, azul e castanhos foram os tons que predominaram. Nos acessórios, as cestas de junco, um elemento típico do artesanato português, leva-nos à infância e aos momentos de piquenique com a família. Complementou-as com pormenores de pelo de coelho, raposa e faux fur, assegurando o requinte e elegância.

04

VALENTIM QUARESMA

Nesta edição a coleção outono-inverno de Valentim Quaresma é um regresso às suas coleções favoritas. Levou-nos a viajar pela época vitoriana, aos anos 20 e à revolução industrial, num imaginário futurista.

Usou fotografia, folhas de Raio X, acrílico, ónix, cobre, latão e prata, dominadas pelas tonalidades dos metais, mas também pelo domínio do preto pontuado pelos rubis.

05

DINO ALVES

A coleção “Manual de Instruções” surpreendeu quando se apresentou como uma espécie de manifesto sobre a indústria em Portugal. Maria Rueff e Ana Bola leram as condições do manifesto, fazendo comentários com sentido de humor, mas em forma crítica ao “público da moda” de uma forma geral.

Os manequins apresentaram-se de forma original na passerelle, com etiquetas de compras nos artigos, relembrando que aquelas criações estão à venda. Uma tentativa de chamar à atenção entre o trabalho do designer e a realidade após o desfile. Apresentou peças separadas entre si e unidas com tiras e nós, peças com o mínimo de acabamentos: a redução máxima de recursos e a redução máxima de mão-de-obra.

Colocou nas t-shirts “I prefer Prada” ou Balmain, e I love Dior” ou Gucci, mas no final a mensagem era clara: “Buy me“.

 

06

 

NADIR TATI

DIAMANTE AFRICANO é uma coleção inspirada na beleza e grandeza das mulheres africanas, numa visão de mulheres elegantes e belas, associadas ao equilíbrio entre a alma, o coração e o corpo.

O branco e o prata são as cores de destaque, e os materiais cruzam-se entre as sedas, organzas, lantejoulas e rendas, numa clássica terminação de tecidos africanos. A vertente masculina mistura entre o prático africano e o europeu, nos tons claros que representam as pedras preciosas de Angola.

Abriu este maravilhoso desfile  a nossa querida Lili Caneças com a elegância e uma atitude que lhe é bem própria e maravilhosa de uma “jovem” modelos de 72 anos.

00

NUNO GAMA

Profecia” e “Quinas” dão o título a Nuno Gama e Nuno Gama Sport.

Para a linha principal, o criador português inspirou-se no lado oculto dos painéis de São Vicente de Fora e na crença da descendência de Jesus Cristo, fruto de um casamento com Maria Madalena. Reza a lenda que, exilados em França, originaram os Merovíngios, tendo sido depois exterminados – com exceção do Infante D. Afonso Henriques. Afonso Henriques é, assim, uma espécie de mensageiro divino, “o Anjo de Portugal, protetor da nossa essência espiritual, com a missão de levar as nove relíquias a São Vicente”, citando Nuno Gama.

Na coleção “Profecia”, Nuno Gama desconstruiu uma panóplia de golas amovíveis como símbolo do peso da missão, onde predominam sobreposições que se constroem das mais nobres matérias-primas: como as lãs em contraste com as peles e os novos e sofisticados sintéticos. Na coleção “Quinas” uma linha Gama Sport, destacam-se linhas mais desportivas, não descurando o ADN implícito do designer. Usando os troncos nus, pintou a linha em tons terra e azul “escudo” do céu e azul Atlântico do mar, um toque turquesa e o branco da luz luminosa portuguesa. Matérias-primas, misturadas numa paleta de cores onde podemos ver algumas peças com o bordado “Proteção”.