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Glam Magazine

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Vodafone Paredes de Coura 2017… o Jazz conquista o 'Couraíso'

E ao terceiro dia o Festival Vodafone Paredes de Coura fica marcado pelo jazz. O conceito abandonou a ‘relva’ e tomou conta do palco principal do festival. Ainda durante a tarde os El Rupe deram a conhecer o seu trabalho na área do jazz… junto à relva. Uma tarde preenchida igualmente por mais uma edição das Vodafone Music Sessions com a presença dos Moon Duo que ao final da tarde ocuparam a praça central da vila.

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Um dia ainda com várias presenças nacionais a marcar o alinhamento da 25ª edição do Vodafone Paredes de Coura, Cave Story, Octa Push e Bruno Pernadas.

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Como habitualmente a música dava o tiro de partida no palco Vodafone.FM, e seria com os portugueses Cave Story, o arranque do final de tarde do festival. Com a sua característica sonoridade indie rock, a banda das Caldas da Raínha, apresentou o seu disco “West”, que segundo os próprios em entrevista à Glam magazine, marca o fim de um ciclo, estando agora a banda concentrada na gravação de um novo trabalho.

West” ecoava assim por entre as luzes de um final de tarde.

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Bruno Pernadas e o seu combo subia ao palco Vodafone pelas 18.30h. O jazz fazia-se assim ouvir pela festival com uma aceitação por parte do público a superar todas as expectativas e a criar uma ambiente de descontração e motivação para uma noite repleta de emoções e estilos musicais. “Those Who Throw Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them” era o desafio lançado por Bruno Pernadas, disco de 2016 onde a mescla de sonoridades não deixa ninguém indiferente. Foi ao som de “Spaceway 70” que o combo de 9 elementos em palco iniciou, o concerto no terceiro dia do festival. Em palco, o sincronismo entre os elementos é irrepreensível bem como a qualidade da música produzida. As vozes, alternando entre Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout) e Afonso Cabral (You Can’t Win, Charlie Brown) criaram ao longo de 40 minutos uma viagem cósmica por sons que misturam o rock, o jazz, o funky, o krautrock entre outros. Se as canções do novo álbum estiveram em destaque, o primeiro álbum do músico, “How Can We Be Joyful In A World Full Of Knowledge” não foram esquecidas com o já memorável “Ahhhhh” a conquistar o público.

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Algo tímido com um disco novo debaixo do braço, “The Party”, o 3º disco de originais do músico Canadiano, Andy Shauf, subia ao palco Vodafone.FM. Conciso em palco, o psicadelismo pop com influencias no pop britânico de finais dos anos 60, acabaram por ser o oposto daquilo que se iria ver, e ouvir ao longo da noite. A simplicidade psicadélica e melódica de ”The Magician” ou os dilemas de “The Worst In You” marcaram um concerto curto, eficaz mas com pouca receptividade. Um nome para ouvir novamente, quem sabe num espaço mas intimista…

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Da Escócia para Paredes de Coura, os Young Fathers… O trio, apresenta-se junto do público com uma agressividade musical, mesclando um hip-hop com psicadelismo e até, quiçá, sonoridades a lembrar um coro religioso. “White Men Are Black Men Too” e “Dead”, foram os 2 discos da banda que marcaram o alinhamento dos Young Fathers, brindado por canções fortes e marcantes abordando algumas problemáticas sociais como “I heard” ou “Soon Come Soon”. O regresso a Portugal de uma banda que deixou algumas (boas) recordações no concerto com os Massive Attack em 2016.

 

O início da noite era marcado pela subida ao palco Vodafone.fm dos Moon Duo, eles como já referido, passaram o final da tarde na vila de Paredes de Coura.

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Mas era o palco principal que se compunha para receber uma das estreias desta edição comemorativa do Festival. Pouco dados a concertos, os BadBadNotGood faziam a sua estreia em Portugal. Os 4 jovens de Toronto não precisaram de muito tempo para terem o público de Paredes de Coura a seus pés. Com 4 discos editados, praticamente só no Canadá, as expectativas eram altas pois apenas “Time Moves Slow” com a voz de Samuel T. Herring (Future Islands) e “In Your Eyes” com a colaboração de Charlotte Day Wilson se avistavam como os únicos temas conhecidos de um dos melhores álbuns de jazz dos últimos anos, “IV”. Mestres do improviso em palco, as suas influências musicais vão muito mais para além do jazz, dando a revelar algumas incursões pelo trip-hop e inclusivé pelo hip-hop, provavelmente fruto da gravação do disco “Sour Soul” com Ghostface Killah em 2015.
Sem dúvida o concerto da noite e a prova que Paredes de Coura é acima de tudo música.

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Pelo meio do concerto dos BadBadNotGood, os nacionais Octa Push animavam o palco vodafone.fm, mas era no palco principal que se alinhava na noite mais uma proposta que chegava do Canadá. “Near To The Wild Heart Of Life” era a premissa dos Japandroids que assim regressavam a Portugal depois de terem literalmente incendiado o NOS Primavera Sound. Um indie rock poderoso e incisivo, marcou uma noite capaz de mobilizar dezenas de festivaleiros a desafiar a gravidade e literalmente “voar” em direção ao palco.

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Mas se a energia andava pelo ar durante o concerto dos Japandroids, o final da noite deixou-se envolver pela voz hipnotizante de Victoria Legrand dos Beach House. A noite abate-se sob o palco e a música deixa de ser visível… apenas audível pelas melodias sempre envolventes da banda de Baltimore. Presença assídua em Portugal, os Beach House sabem como ninguém a importância que é ouvir a banda em palco. O já bem conhecido “Depression Cherry”, com “Space Song” à cabeça fizeram as delícias de quem se envolveu nas sonoridades ‘sonhadoras’ de uma ‘casa na praia’.

 

Foi o fechar do terceiro dia, onde o jazz dominou, mas o rock ou o dream-pop marcaram presença numa harmonia apenas conseguida no ‘habitat natural da musica’ que é Paredes de Coura.

 

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Texto de Sandra Pinho e fotografias de Paulo Homem de Melo / Sandra Pinho (Moon Duo)